O conto é
uma obra de ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de fantasia
ou imaginação.
Os contos de fada do
passado frequentemente tinham finais macabros ou horrendos. Hoje em dia,
empresas como a Disney amenizaram as histórias para esse novo público que
parece incapaz de lidar com derrotas ou fracassos e precisa de finais felizes
por toda parte.
Essa lista vai falar
sobre alguns finais felizes com os quais estamos acostumados e contrastá-los
com suas versões originais. Se alguém souber de mais contos de fadas cujo
original não é tão indicado para crianças, fique à vontade para acrescentar nos
comentários.
CHAPEUZINHO VERMELHO
A versão desse conto que
conhecemos é aquela em que Chapeuzinho Vermelho, no final, é salva pelo
caçador, que mata o lobo mau.
Porém, a versão original
do francês Charles Perrault não é tão bonita. Nessa versão, chapeuzinho é uma
garotinha bem educada que recebe falsas instruções quando pergunta ao lobo
sobre o caminho até a casa da vovó. No fim, ela é simplesmente devorada pelo
lobo. Não há caçador e nem vovozinha, apenas um lobo gordo e a Chapeuzinho
Vermelha morta. A moral da história é que não se deve falar com estranhos.
A PEQUENA SEREIA
A versão de 1989
de A Pequena Sereia poderia ser intitulada “A Grande Sortuda”. Nessa
versão da Disney, a princesa Ariel termina sendo transformada em um ser humano
para que possa casar com Eric. Há uma festa maravilhosa com a presença de seres
humanos e seres do mar.
No entanto, no original
de Hans Christian Andersen, Ariel vê o príncipe casar-se com outra e entra em
desespero. Oferecem-lhe uma faca com a qual ela poderia matá-lo, mas, em vez
disso, ela salta para o mar e morre ao voltar para a costa. Hans Christian
Andersen modificou um pouco o final para amenizar a história. Na nova versão,
ao invés de morrer na espuma da praia, ela se torna “filha do ar”, esperando ir
para o céu. De qualquer forma, ela morre.
A BRANCA DE NEVE
Na história da Branca de
Neve que nós conhecemos, a rainha manda o caçador matá-la e trazer seu coração
como prova. O caçador não consegue fazer isso e lhe traz o coração de um tipo
de porco.
A boa notícia é que a
Disney não distorceu tanto essa história, mas omitiu detalhes importantes: no
conto original, a rainha pede o fígado e os pulmões de Branca de Neve, que
serão servidos no jantar daquela noite! Também no original, a princesa acorda
com o balanço do cavalo do príncipe, enquanto era levada para o castelo. Não há
nada de beijo mágico. O que o príncipe queria fazer com o corpo desfalecido de
uma garota é algo que vou deixar para sua imaginação. Ainda na versão dos
irmãos Grimm, a rainha má é forçada, no final, a dançar até a morte usando
sapatos de pedra, quentes como brasas.
A BELA ADORMECIDA
Na versão conhecida de A
Bela Adormecida, a adorável princesa adormece quando fura seu dedo em uma
agulha. Ela dorme por cem anos até que o príncipe finalmente chega, beija-a, e
acorda-a. Eles se apaixonam, casam, e (surpresa!) vivem felizes para sempre.
Contudo, o conto
original não é tão doce. Nele, a jovem garota adormece por causa de uma
profecia, não de uma maldição; e não é o beijo do príncipe que a desperta: o
rei a vê dormindo e, querendo se divertir, a estupra. Depois de nove meses,
nascem duas crianças (e ela continua dormindo). Uma das crianças chupa o dedo
da mãe, retirando a peça de linho que a fazia dormir. A princesa acorda para
saber que foi estuprada e é mãe de gêmeos. Fim.
JOÃO E MARIA
Na versão largamente
conhecida de João e Maria, ouvimos sobre duas crianças que se perdem na
floresta e encontram uma casa feita de doces e guloseimas que pertence a uma
bruxa. Elas então são aprisionadas enquanto a bruxa se prepara para comê-las.
Eles conseguem escapar e atiram-na no fogo, salvando-se.
Numa versão francesa
mais antiga (chamada As Crianças Perdidas), ao invés de uma bruxa, há um
demônio, que também é enganado pelas crianças. Contudo, ele não cai na cilada e
está prestes a colocá-los na guilhotina. As crianças fingem não saberem como
entrar no instrumento e pedem para a esposa do demônio mostrar como se faz.
Nesse momento, elas cortam seu pescoço e fogem.
CINDERELA
Na Cinderela moderna,
nós temos a linda princesa casando-se com o príncipe depois que este viu que o
sapatinho de cristal servia em seus pés.
Esse conto tem suas
origens por volta do século I a.C, no qual a heroína de estrabo se chamava
Rhodopis, não Cinderela. A história era muito parecida com a atual, com exceção
dos sapatinhos de cristal e da abóbora. Porém, oculta por trás dessa linda
história há a versão mais sinistra dos irmãos Grimm: nela, as irmãs de
Cinderela cortam partes dos próprios pés para que eles caibam no sapato de
cristal, querendo enganar o príncipe. Ele, então, é avisado por dois pombos,
que bicam os olhos das irmãs. Elas passam o resto de suas vidas como mendigas
cega enquanto Cinderela vive no castelo do príncipe.
OS TRÊS PORQUINHOS
O conto dos Três
Porquinhos foi muito amenizado para as crianças de hoje, ao contar uma história
cheia de violência sem mostrar violência. Terminamos com um conto muito
simplório que mostra “como é bom ser esperto”.
A história original
perdeu muito. O conto original não é mais longo, já que o lobo mau não perde
tanto tempo assoprando casas. Ele faz isso para pegar os dois primeiros
porquinhos. Aqueles coitados são logo pegos e devorados. O terceiro porquinho —
o mais esperto de todos — é o entrave. Sem conseguir assoprar a casa de
tijolos, o lobo tenta blefar. Ele faz de tudo para trazer o porco para fora de
casa, promete nabos, maçãs, e uma visita à feira. O porco recusa a tentação,
sabendo que há coisas mais importantes. O lobo decide então
voltar à violência. Ele escala a casa e entra pela chaminé. Porém, o porquinho
tinha planejado isso, e colocou um caldeirão de água fervendo na lareira. O
lobo cai ali dentro e morre. Ele — e os dois outros porquinhos em seu estômago
— são agora o sinistro jantar do terceiro porco.
Eu sou mais o final: ... E VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE!
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